Desejar Desobedecer

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G. Didi-Huberman

Desejar Desobedecer

O que nos levanta, 1

O que nos levanta? São forças, evidentemente. Forças que não nos são exteriores ou impostas: a resposta à iniquidade e à injustiça, a reação à opressão e à violência. Forças que inflamam o nosso desejo, evidentemente.

Nesta obra, tratam-se levantamentos notáveis, como a rebelião francesa (os 8.528 levantamentos precursores da homónima revolução), as sublevações operárias (criticamente enquadradas por Marx e Kropotkin, Lenine e Bakunine), as revoltas das plebes (os «sem-cuecas» e a Comuna de Paris, os movimentos Occupy e da Praça Tahrir no Cairo), a sedição dos escravos (Frederick Douglass, o Haiti de Toussaint Louverture, que A. Césaire e A. Breton saudaram), a insurgência dos povos indígenas (os zapatistas no México e os índios do Paraguai que P. Clastres estudou, recordam-se os Apaches e os Incas do Peru), os movimentos anti-coloniais, a resistência judaica no gueto de Varsóvia, a intifada e o muro com que Israel encarcera os palestinos, as lutas feministas, as insurreições situacionista e alter-mundialistas. Considera-se o cinema de Sergei Eisenstein e Jean Vigo, de Chris Marker, obras de Goya e uma ampla panóplia de panfletos e «borboletas». Eis um raro panorama da potência dos levantamentos que se contrapõe às formas históricas e contemporâneas do poder. Panorama essencial para a compreensão das relações profundas e dialéticas, entre a memória e o desejo, subjacentes aos levantamentos, aqui interrogados nas suas dimensões políticas e estético-culturais.

Discutem-se os pensadores do comunismo e do anarquismo, Hegel e Kant, A. Césaire, F. Fanon e A. Mbembe, A. Breton e a «revolução» surrealista, o insurgente de todos os azimutes G. Bataille, Garcia Lorca e o seu duende, T. W. Adorno e a sua Teoria Crítica, G. Debord e a Sociedade do Espectáculo, G. Agamben e o seu opus filosófico, A. Negri, J. Butler, H. Arendt, a liberdade, a coragem, a brecha entre o passado e o futuro, M. Blanchot, J.-L. Nancy, H. Michaux, e, em novas perspetivas, A. Warburg, W. Benjamin, G. Deleuze, M. Foucault, L. Binswanger e S. Freud, para quem, conforme J. Lacan assinalou, «a génese da dimensão moral não se enraíza noutro lugar senão no próprio desejo», e cujo exemplo se exprime no «estrépito de Antígona», levantamento antigo que exprime toda a sua incandescência política.

Eis, pois, que a injustiça inflama o desejo, desejo que – à semelhança do sonho – desperta as nossas mais profundas memórias, individuais e colectivas, para assim ativar o «impulso de liberdade» (Freiheitsdrang).

Georges Didi-Huberman

G. DIDI-HUBERMAN (n. 1953), filósofo e historiador de arte, leciona «antropologia do visual» na École des hautes études en sciences sociales, em Paris. Publicou mais de 60 livros sobre autores como Warburg (a quem consagrou uma monumental e notável monografia), Bataille, Benjamin, Brecht, Carl Einstein, e sobre diferentes artistas, como Fra Angelico, Botticelli, Giacometti, Turrell, Eisenstein ou Pasolini. Destaca-se ainda o seu importante papel na curadoria de exposições internacionais como Atlas ¿Cómo llevar el mundo a cuestas? (2010), Histoires de fantômes pour grandes personnes (2012), Atlas, suite / Afteratlas (2014), Nouvelles histoires de fantômes (2014) e Soulèvements (2017), as quais tiveram apresentações em diferentes cidades europeias e sul-americanas. A fecundidade teórica e crítica da sua obra é imensa, sempre atenta à vida e ao pensamento das imagens.